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REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR: POUCO UTILIZADA, MAS TOTALMENTE NECESSÁRIA

REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR: POUCO UTILIZADA, MAS TOTALMENTE NECESSÁRIA


Parece estranho, numa época em que a atividade física é intensamente recomendada, que os tratamentos de problemas cardiovasculares - desde a hipertensão arterialinfarto do miocárdio, cirurgias do coração, angioplastias das artérias coronárias, sequelas de derrame cerebral, insuficiência cardíaca (principalmente nos seus graus iniciais) - não incluam a atividade física como ponto alto do tratamento médico.

A situação é pobre em nosso país, apenas algumas dezenas de serviços estão estruturados para atender um portador de problemas cardiovasculares. Falta a presença obrigatória de um médico, de um professor de educação física e/ou fisioterapeuta com treinamento para esse tipo de cliente, materiais e sistema de atendimento de emergência médica, disponíveis além do fundamental, uma equipe treinada para usar um desfibrilador quando necessário.

A frequência de uma academia, por esse tipo de publico deveria ser facilitada, mas algumas cidades brasileiras, facilitando o “negócio” conseguiram infelizmente aprovar leis que aboliram a necessidade de exame médico prévio. Deixaram para o cliente a responsabilidade médica e jurídica, caso ele tiver um mal súbito na academia. Ainda bem que as pessoas perceberam e o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8078/1990, artigos 6 e 14) lhes dá o respaldo jurídico contra esse absurdo, e por conta própria fazem a avaliação médica fundamental para iniciar uma atividade física em academia. As academias, na sua imensa maioria, não poderiam receber clientes com problemas cardiovasculares pelo despreparo para lidar com eles.

E quem decide praticar por conta, corridas de rua ou no clube ou na praia, como se deve comportar? A palavra do nosso DERC – Departamento de Ergometria, Exercício e Reabilitação Cardiovascular da Soc. Bras. de Cardiologia que atualmente presidimos - é de estimular a reabilitação (exercícios físicos) cardiovascular com segurança. Indicando que se deve fazer uma avaliação médica especial com seu cardiologista ou médico clinico do esporte.

A finalidade é fazer a chamada reabilitação não supervisionada, onde a consulta médica determina, nos seus detalhes os limites e quais as modalidades esportivas mais indicadas. Dependendo do problema cardiovascular, isto é, da doença que o acomete e medicamentos que utiliza, existem restrições para determinados exercícios individuais e esportes. Imagine se o cliente estiver utilizando medicamentos para afinar o sangue e quer praticar ciclismospinningMMA, etc. Saibam que qualquer contato mais intenso ou traumático pode causar sangramentos visíveis ou hemorragias internas com as piores consequências que se pode imaginar.

Evidente que nestes casos com restrições, a sugestão é praticar esportes individuais como tênis e outros sem riscos de contato, como corridas em geral. Podem praticar as de longa distância? A sugestão médica é não ultrapassar a faixa de 10km. Outras distâncias como meia maratona,maratona e outras mais intensas, o cliente deve procurar um cardiologista do esporte discutir suas intenções caso a caso.

Reabilitação cardiovascular é trazer de volta, recuperado, à sociedade em todas as suas facetas, o paciente que foi acometido de alguma cardiopatia.

* As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do Globoesporte.com / EuAtleta.com.

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